Revelando lideranças com coaching – Cristina Gomes

Entrevista Cristina Gomes para Revista Up Women

Cristina Gomes é sócia-fundadora da empresa Asas, de Campinas. Possui mais de sete anos de experiência em coaching e quinze anos na área de Recursos Humanos. Fez da sua paixão em transformar pessoas e ajudar empresas, seu trabalho e seu objetivo de vida.

UP! – Quando pensamos em coaching, qual a palavra que melhor traduz essa atividade?

C.G. – Consciência.

UP!women – Porque as empresas precisam de um coaching?

Cristina Gomes – Para extrair o melhor das pessoas, facilitando que elas sejam melhores do que elas são.

UP! – Quais as mudanças mais visíveis de uma empresa ao contratar esse profissional?

C.G. – O envolvimento das equipes ou das pessoas que estão passando pelo processo. As pessoas mergulham em um autoconhecimento, descobrem suas forças, ficam mais comprometidas com elas mesmas e, consequentemente, com a empresa.

UP! – As empresas mudaram a mentalidade sobre a forma de ver seus colaboradores? 

C.G. – Não gosto de julgar mentalidade de empresas e nem de pessoas. Cada uma tem seu estilo, sua missão, seus valores. Acredito que os colaboradores devem observar os valores da empresa e se estão congruentes com os seus, senão, nada adianta você trabalhar em um lugar em desencontro com seus valores.

UP! – Quais as dificuldades maiores de coordenar um trabalho desses?

C.G. – Quando o topo da pirâmide não participa ou não dá suporte e apoio para o processo.

UP! – Existem diferenças entre uma grande empresa e uma pequena? Me refiro em relação ao material humano.

C.G. – Sim. As pessoas de uma pequena ou média empresa são mais comprometidas, têm mais poder de decisão e as tarefas dependem exclusivamente de ações internas. As pessoas de empresas grandes dependem muito de decisões externas, como no caso de uma multinacional ou de grandes empresas em que a matriz é em outro estado. O processo é mais lento para alcançar uma ação e o grau de comprometimento é menor.

UP! – Qual a diferença de abordagem de coaching para uma pessoa individualmente e uma empresa?

C.G. – Normalmente a pessoa individual é quem procura o processo e está disposta 100% em ter sucesso. No caso de uma empresa, na maioria das vezes é o departamento de desenvolvimento quem escolhe as pessoas para participarem e nem todas estão dispostas. Nesse caso, deve ser feita uma reunião inicial de alinhamento com todos os participantes, deixando clara a meta que a empresa quer dela e, principalmente, se ela aceita participar. Já tive casos que a pessoa se recusou em participar do processo por que já se achava bom o suficiente para se desenvolver em liderança.

UP! – Qualquer pessoa tem um líder nato dentro de si? 

C.G. – Sim, mas ela tem que querer. O primeiro passo neste caso é oferecer o cargo de liderança para esta pessoa e ela querer ser líder. Algumas empresas promovem pessoas à liderança sem perguntar se querem. Perdem um excelente operador e não conseguem formar um líder, tendo que demiti-lo.

UP! – Como fazer desabrochar esses talentos?

C.G. – Fazendo perguntas simples: Como você pode me ajudar a resolver? Qual sua sugestão e estratégia neste projeto? Você tem um plano B? Quando você pode me entregar? Fui claro? Precisa de algo mais? Ou seja, o liderado irá coordenar e ser responsável pelo processo; o bônus é dele e o ônus o líder assume com ele. Assim, você estará desenvolvendo a pessoa no que ela é, fazendo-a desabrochar com suas habilidades naturais e usando a sua qualificação e capacidade para o negócio. Gosto de citar a frase do Mestre Kan-Ichi Sato – Mestre Zen de Natação-eido: “Eu não ensino e não mando. Ensinando, sai cópia; Mandando, sai escravo. Eu transmito meu espírito”.

UP! – Quando alguém entra em crise profissional, como é possível transformar essa frustração em algo estimulante e encorajador?

C.G. – O primeiro passo é ajudá-la a descobrir claramente aonde ela quer chegar, estruturar o estado atual dela e facilitar para que a jornada ao estado desejado seja divertida.

UP! – Pessoas tímidas com grande talento profissional precisam de coaching ou de psicoterapia? As duas coisas se complementam?

C.G. – Se ela estiver disposta a dar outro significado à crença “timidez”, o coaching pode ajudá-la rapidamente. Caso contrário, a terapia é complementar e pode caminhar junto.

UP! – Acrescente algo mais que considerar importante e não foi abordado.

C.G. – Eu gosto de dizer que o coach é facilitador para as pessoas descobrirem o que elas já têm. O processo de coaching é muito simples e o coach explora o recurso natural do cliente. Pequenas atitudes são transformadoras. Eu sugiro que as pessoas parem por cinco minutos ao dia e dediquem-se apenas a elas, relaxando, alongando, observando a respiração, olhando mais, ouvindo mais ou apenas observar o que está sentindo. Autoconhecimento é primordial para as pessoas e podemos extrair este recurso de nós mesmos, é só dedicar um pequeno tempo para você.

Sobre Cristina Gomes:

Cristina Gomes é graduada em Direito, practitioner em PNL, coaching profissional pelaInternational Coach Community e coach na International School The Inner Game, dentre outros títulos. Sua atuação se dá na área do desenvolvimento humano, auxiliando pessoas nos segmentos de liderança, coaching e estrutura organizacional.