O que esperar de 2016

O ano começou. Alguns capítulos depois, passada a euforia típica desta época, vejo algumas pessoas sucumbindo diante das especulações de crise e do senso coletivo de instabilidade. Não é muito difícil encontrar aquele que já “profetiza” um 2016 muito ruim e, na aba do lugar comum, acaba estacionando no tempo e ficando à margem, “vendo a banda passar”.

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“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmo lugares. É o tempo de travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos”. (Fernando Pessoa)

 

Cristina Gomes, sócia fundadora da Empresa Asas Dh,  Coach Internacional, especialista em estrutura organizacional e de carreira foi gentilmente convidada a participar da última edição da Revista Metrópole. O tema vem ao encontro dos nossos desejos e anseios para o ano que se descortina. E você, o que espera de 2016? Leia a entrevista na íntegra:

 

Revista Metrópole: Há um cenário de crise e recessão em vários setores da economia. Como planejar a carreira – e/ou tentar manter o emprego – nesse contexto de instabilidade?

 

Cristina Gomes: Agora é hora de gerar novos pensamentos, atitudes e oportunidades; não esperar que o mercado ou a empresa que trabalhamos lhe traga essas novas oportunidades. Para ter resultados diferentes, temos que pensar diferente. Nós temos muitas habilidades naturais e, com esforço, saindo da zona de conforto, conseguimos ter resultados extraordinários. Se você quer algo novo, você tem que buscar algo novo, um novo pensamento, uma nova atitude. Fuja da ideia antiga e desenvolva novas ideias.

Quando queremos alavancar, progredir, temos que mudar algo. Como? Com pequenas e simples atitudes; por exemplo: Converse com amigos, discuta soluções e não problemas.

 

“Velhos caminhos não abrem novas portas”

 

Revista Metrópole: Aquela máxima sobre a “oportunidade” que uma crise ou dificuldade representa procede, na sua opinião? Como fazer uma limonada dos limões?

 

Cristina Gomes: Acredito sim, na hora da crise geramos oportunidades. Automaticamente saímos da zona de conforto e vamos para zona de aprendizagem, passamos a enxergar mais amplamente, nos preparar mais. O caos faz com que as pessoas obrigatoriamente passem a pensar e a se movimentar em direção da mobilidade.

Para fazer a limonada, temos que descobrir se realmente temos os limões, pois às vezes pensamos que temos os limões e nem isso temos. Certo dia, um diretor de uma grande empresa, onde faço consultoria, me pediu ajuda para melhorar a equipe dele e foi exatamente essa frase que ele usou, “Tenho os limões e preciso transformar em limonada”; e eu respondi a ele que nem os limões ele tinha, precisaríamos comprar novos limões no mercado, limões que realmente queriam virar limonada. Trocamos toda a equipe!

Está mais do que na hora das pessoas pensarem primeiro nelas, no seu desenvolvimento , nas suas capacidades e habilidades, e não esperar que o “mundo” resolva seus problemas. A metáfora do limão é excelente: Será que sou um limão que vai gerar uma excelente limonada?

 

Revista Metrópole: Há quem mude de área profissional em momentos complicados como esse; como garantir que o novo rumo seja escolhido de forma consciente para aumentar as chances de acertar?

 

Cristina Gomes: Levante da cama todos os dias como se fosse trabalhar no emprego dos seus sonhos. O pensamento gera oportunidades.

Conforme o Modelo Iceberg, estudo da terapia comportamental cognitiva, nossos pensamentos e emoções (a parte maior e escondida do iceberg), são invisíveis e, geram nossos comportamentos e nossos hábitos (parte menor e visível do iceberg).

O que alcançamos, em qualquer nível, orienta-se pela forma como pensamos.

Se queremos melhorar nosso desempenho, devemos nos concentrar em melhorar nossos pensamentos. Assim, vamos gerar atitudes que nos levem “aonde realmente queremos chegar”.

A história do “deixa a vida me levar, vida leva eu” é bonita só em música.

Dê o melhor de você todos os dias, e isso vai lhe garantir o rumo pretendido!

 

Revista Metrópole: E os profissionais que continuam empregados, mas insatisfeitos ou sem perspectiva de evolução: como se reestruturar para enfrentar um mercado estagnado?

 

Cristina Gomes:  Foque no positivo!

Conforme eu ilustrei na questão anterior sobre o iceberg, nosso desempenho é orientado por nossos comportamentos, e nossos comportamentos são orientados por nossas emoções, que, por sua vez, são orientados por nossos pensamentos.

Precisamos focar em ser melhores do que já somos e assim evoluir.

Normalmente, recebemos em média um feedback positivo ao ano, contra vários negativos. Nós mesmos nos autoflagelamos, focando naquilo que não conseguimos realizar.

Foque no que você é bom! Através dos seus pontos fortes é mais fácil e muito mais agradável se reestruturar e enfrentar um mercado estagnado.

 

Revista Metrópole: Fale um pouco sobre a importância da autoestima na carreira profissional.

 

Cristina Gomes:  Esta é a parte principal, não só na carreira, mas na vida em geral.

Não é o ambiente que nos contamina, somos nós que contaminamos o ambiente. Ou seja, quem faz o ambiente somos nós!

O autoconhecimento nos leva à autoestima.

O primeiro passo dos grandes líderes é o autoconhecimento e, o primeiro passo para se conhecer é começar a se questionar: Aonde eu quero estar daqui 5 anos? Estou satisfeito com minhas atitudes? Estou satisfeito com minha aparência? Eu me lidero primeiro ou quero liderar os outros antes?

Estas perguntas fazem pensar para dentro e não para o mundo externo. Normalmente ligamos nossa autoestima no mundo exterior e esquecemos de nos importar com nós mesmos.

Nos conhecendo ( melhor, vamos saber como agir melhor com o mundo exterior.

Pense, quando cai a máscara do oxigênio no avião, “primeiro coloque a máscara em você, depois de quem está ao seu lado”

Você é a parte principal da sua autoestima.

 

Revista Metrópole: É o momento de empreender, na sua opinião? Como o profissional deve trabalhar suas metas nesse aspecto?

 

Cristina Gomes: Penso que é o momento exato de refletir e reestruturar em qualquer fase do empreendedorismo.

Nos novos projetos e nos projetos que já existem, é hora de inovar, fazer algo diferente, lembrando-se sempre que o diferente não é complexo e sim, simples. Atitudes pequenas e simples sem gerar gastos é possível, alterando pequenos detalhes. É melhor fazer pequeno do que não fazer nada.

Quando digo projetos, é geral; um novo projeto, uma pequena, média ou grande empresa ou, um profissional empregado ou desempregado.

Por exemplo, um profissional procurando recolocação no mercado precisa parar e refletir por que está fora do mercado e montar um plano de ação das suas respostas e, no caso de uma nova ou uma empresa que já existe, é a mesma coisa.

Em coaching, temos um modelo desenvolvido por meu professor e mentor, Timothy Gallwey (o pai do coaching), que é o seguinte:

 

STOP

S – Step Back (Retroceda)

T – Think (Pense)

O – Organize (Organize seus pensamentos)

P – Proceed (Prossiga)

 

Esta ferramenta nos faz parar e refletir, como um trecho satirizado da música “I’m in a hurry” da banda Alabama.

 

“Eu estou com pressa para fazer as coisas. Oh, eu corro e corro até que a vida seja divertida. Tudo que eu tenho a fazer é viver e morrer, mas eu estou com pressa e não sei porque”.

 

Revista Metrópole: Escolha difícil que muitos profissionais enfrentam num cenário desfavorável: fazer reservas financeiras para um futuro incerto ou continuar investindo em aprimoramento (cursos, extensões, idiomas) esperando pelo melhor?

 

Cristina Gomes: A frase “futuro incerto” nos leva a um antigo pensamento. O novo pensamento nos leva a frase “qual o futuro que espero para mim”.

Incertezas nos levam a negatividade, então transforme em positivo, levando por “saber aonde quer chegar”

Você é o principal recurso! Qual o futuro que você quer ter? De incerteza ou certeza?

Respondendo essas perguntas, saberá se deve “economizar”, “investir” ou “estruturar” o que já tem. Tenha um plano de ação para qualquer fase da sua vida.

Tenha consciência do que você quer, confie nas suas escolhas e desfrute da melhor maneira, ou seja: Descubra aonde quer ir (ponto B), estruture seu estado atual (ponto A) e viva a jornada presente do aqui e agora (caminho do ponto A para B), da sua maneira, do que é melhor para você.

Se a escolha for estudar, encontrar um mentor, se exercitar, ou apenas não fazer nada, a escolha é sua e, da sua maneira.

 

Somente você sabe o que é melhor para você.

 

Boa jornada!

 

Cristina Gomes

 

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Procrastinação: por que deixamos tudo para depois?

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Fim de ano é aquele momento em que muitas pessoas reveem aquelas famosas listas de “metas”. Aqueles desejos clássicos, colocados no papel com o objetivo de reforçar a vontade de realizá-los. Contudo, meses depois, percebemos que não fomos tão fiéis aos nossos planos. Entrar para um curso de idiomas; aprender uma modalidade de dança; voltar a estudar; investir em alguma nova carreira; rever prioridades de tempo e tantos outros itens que não saíram do plano das aspirações.

A Internet, com seu bom humor incontestável, apresenta uma série de “memes” sobre a arte de deixar tudo para depois. Certa vez vimos em uma Rede Social uma frase que nos chamou a atenção; “Planos para 2015 – cumprir as metas de 2008”. Daí, nos perguntamos: por que as pessoas adiam decisões importantes? A procrastinação desponta como um dos principais agravantes neste processo: um quadro vicioso que, se não identificado e combatido, pode gerar um atraso significativo em bons resultados pessoais e profissionais.

Afinal, o que é procrastinação?

Deixar para amanhã o que pode ser feito agora. Essa é a premissa básica do ato de procrastinar. Acumular tarefas, negligenciar ações importantes, prorrogar prazos sem o menor critério. O procrastinador vive criando “pseudo desculpas” para justificar este comportamento. Ou não está pronto o bastante, ou não é capaz de solucionar aquilo. Desta forma, enganamos o nosso cérebro, que é induzido a acreditar nessas “impossibilidades”.

O que existe por trás de um quadro de procrastinação?

– Medo do desconhecido ou frustração

É muito comum adiar decisões que nos levam a um novo cenário; uma nova realidade. A famosa “zona de conforto”, recheada de situações previsíveis, desafios superados e problemas crônicos parece mais atrativa. Encarar o desconhecido apavora e faz com que a pessoa recue e procrastine.

– Supervalorização de um problema

É comum atribuirmos o status de “problema sem solução”, sem ao menos encarar a situação com uma visão panorâmica e estratégica. Agregar dificuldades a uma problemática é o primeiro passo para afastar ou adiar a resolução da mesma, o que gera a procrastinação.

– Distrações do mundo moderno e tecnológico

Inúmeras Redes Sociais, várias plataformas para estar conectados com o mundo inteiro. Horas e horas em aplicativos e games. Esse ambiente “high tech” parece muito mais atrativo do que realizar aquela tarefa pendente ou iniciar aquele projeto antigo, o que aumenta a margem para procrastinar.

– Preguiça gera procrastinação

Alguns estudos indicam que o ser humano está mais preguiçoso. A lei do menor esforço impera na maioria do tempo. Logo, reestruturar a nossa própria vida soa como uma tarefa cansativa demais, ou seja, pode ficar para depois. Por que não procrastinar, não é mesmo?

Descubra se você é um procrastinador:

*Você vive negociando prazos, renegociando metas e entregas; angustiado com a sensação de que deixou tudo para a última hora?

*Você inicia uma tarefa e, minutos depois, perde a concentração por conta de uma mensagem no celular. Você abandona a atividade inicial e, tempos depois, começa uma nova tarefa, sem concluir a anterior.

*Você faz planos revolucionários, listas de ações que vão dar um novo sentido para a sua vida. A sua felicidade está em roteirizar mudanças que nunca serão colocadas em prática.

*O sentimento de culpa é seu companheiro diário. Você acredita que está trabalhando mais do que deveria e sendo menos feliz do que gostaria.

*Você vive preocupado com o futuro, com o desenrolar da sua vida. A ansiedade de projetar o amanhã se torna um complicador na hora de organizar as urgências do hoje.

*Você não consegue ter momentos de descanso ou relaxamento. A sensação de perda de tempo fala mais alto. Contudo, você nem descansa, nem resolve os motivos que o deixam inquieto.

5 Dicas para não Procrastinar

– Analise metas antigas e escolha uma tarefa para colocar em prática. A satisfação de ter dado o primeiro passo será o reforço positivo necessário para que outras ações se materializem.

– Estabeleça metas possíveis e evite frustrações: Valorize os pequenos progressos, as pequenas ações. Não faça apostas muito altas. Tenha bom senso ao interpretar se realmente terá condições de realizá-la no tempo estipulado. Essa honestidade com as próprias limitações e fraquezas evitam frustrações que só aumentam a vontade de procrastinar.

– Busque uma válvula de escape: muitas vezes procrastinamos por falta de um sentido a mais em nossas vidas. Busque uma paixão, um hobby, algo que o faça feliz. Faça algo empolgante o bastante para ser uma “reserva de felicidade”, para todos aqueles momentos em que as burocracias da vida forem necessárias.

– Equilíbrio é o caminho: organize o seu tempo e estabeleça a hora das tarefas importantes e sérias, também chamadas de obrigações e a hora para o ócio, o lazer, o descanso merecido e a despreocupação. O descanso pode ser o seu prêmio por ter conseguido superar a procrastinação.

– Procure ajuda especializada: O mercado conta com uma série de profissionais preparados para orientá-lo quanto a Gestão de Tempo, Organização de Tarefas e Reestruturação de Posturas. Saber a hora certa de pedir ajuda é um ótimo exercício de maturidade.

 

Equipe Asas DH