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A capacidade de deixar “suspenso”

Ver de uma maneira nova começa quando interrompemos o modo habitual de pensar e perceber. 

Segundo o cientista da cognição Francisco Varela, desenvolver essa capacidade pressupõe “suspensão”, distanciamento do fluxo costumeiro [de pensamento].

Como costumava dizer o famoso físico David Bohm, “Normalmente, não somos nós que possuímos nossos pensamentos, nossos pensamentos é que nos possuem”. 

Fazer uma pausa, não significa destruir ou ignorar os modelos mentais que já temos da realidade – isso seria impossível, ainda que o tentássemos. Significa o que Dabid Dohm chamou de “dependurar nossos pressupostos diante de nós”

Assim fazendo, começamos a identificar pensamentos e modelos mentais como produtos de nossa própria mente. E, quando tomamos consciência de nossos pensamentos, eles passam a influenciar menos aquilo que enxergamos. Fazer uma pausa nos permite “ver o nosso ver”

Uma prática física bastante simples para avaliar.

Aperte a mão bem forte e em seguida apertar mais forte ainda. Você poderá até mesmo imaginar que a gravidade desapareceu e que, soltar a mão, fará ela praticamente flutuar. Observe as sensações enquanto segura firme e bem apertado. Agora solte-a! Note como os músculos se descontraem. O que é mais fácil e prazeroso? 

Com frequência, apegamo-nos aos nossos pensamentos dessa mesma forma. A suspensão começa quando afrouxamos o aperto e simplesmente observamos o fluxo dos pensamentos. Os pensamentos talvez não desapareçam imediatamente, mas já não temos tanta energia dedicada a mantê-los. 

Quando começamos a desenvolver a capacidade para suspensão, quase imediatamente nos deparamos com “o medo, o julgamento e a tagarelice da mente”, a que Michael Ray chama de “Voz do Julgamento”

Pesquisadores descobriram que, até a idade de 4 anos, quase todas as crianças se encontram no nível de gênio. Por volta dos 20 anos, a percentagem de pessoas classificadas como gênios caía para 10% e acima dessa idade, não ia além de 2%. 

A voz do julgamento abafa tudo! Podemos trazer a criatividade para nossa vida, de maneira consistente, “prestando atenção nela” e aperfeiçoando a capacidade de suspender julgamentos que brotam em nossa mente – aquela famosa: “que ideia mais idiota! Nem pense em fazer isso!” – que limitam o impulso criativo. 

Na prática, a suspensão exige paciência e disposição para não impor esquemas preestabelecidos ou modelos mentais àquilo que estamos vendo. 

Os desafios, numa organização, começam pelo ritmo frenético que muitas pessoas se sentem obrigadas a manter. Muitas vezes, as equipes simplesmente não sabem como parar e sabem menos ainda como integrar momentos de suspensão (julgamentos) ao seu ritmo normal de trabalho conjunto.

Eu chamo isso de MATRIX.

Espero profundamente poder ter despertado algo dentro de você. E como sempre digo, se fez bem continue (a pílula vermelha) se não, continue mesmo assim (a pílula azul) – apenas não pare – o caminho é para quem está no caminho. 

Um grande abraço e muito obrigada por me ouvir (ler) até aqui.

Cristina Gomes