O Papa é Pop.
O Papa é Pop.
“Qualquer coisa
Quase nova
Qualquer coisa
Que se mova
É um alvo e ninguém tá salvo.
O Papa é Pop, o Papa é Pop! O Pop não poupa ninguém. O Papa levou um tiro à queima roupa… O Pop não poupa ninguém.”
Engenheiros do Hawaii.
Você já parou para pensar o que significou para o líder mundial da Igreja Católica, Joseph Ratzinger, nomeado como Papa Bento XVI, renunciar ao papado, ou seja, à liderança?
O motivo que levou um grande líder mundial, talvez o maior, a renunciar, está estampado nos jornais, revistas, internet etc.. O que lemos são explicações técnicas subjetivas, mas vamos pensar profundamente, deixando nossas crenças de lado, o que isso realmente significa. O que significa, para um grande líder, abrir mão de tudo e dizer: não tenho mais condições para o cargo? O que, de fato, este grande líder deve estar sentindo ao sair de um posto de altíssima liderança, decepcionar milhões de seguidores, sem poupar ninguém, levando um tiro à queima roupa e desistir?
Podemos pensar, como ele mesmo disse, que o corpo falou mais alto?
Quantos líderes pensam em renunciar ao cargo e não ouvem seu corpo?
Carl Gustav Jung estudava na integração do corpo e da mente e escreveu: assim como o nosso corpo é um verdadeiro museu de órgãos, cada um com a sua longa evolução histórica, devemos esperar encontrar também na mente uma organização analógica. Nossa mente não poderia jamais ser um produto sem história, em situação oposta ao corpo que existe.
Jung estudava a integração da mente e corpo e acreditava que um não pode sobreviver sem o outro.
Somos e deixamos ser avaliados pela nossa mente; às vezes, trabalhamos doentes, fazendo o que não queremos ou quase não conseguimos, por somente ouvir nossa mente. Em seu livro, “O despertar de uma nova consciência”, Eckhart Tolle deixa claro : as pessoas estão sendo identificadas pela sua mente, o que corresponde à identificação do distúrbio egóico e acabamos esquecendo do nosso corpo e o que realmente ele necessita.
Estamos, cada vez mais, desacelerando nosso corpo e acelerando nossa mente. É necessário começar a fazer algo, ainda que pareça simples, que consiga ajudar nosso corpo a agir, como, por exemplo, intercalar o conforto do carro por alguma caminhada, a comodidade do controle remoto por alguns passos até a televisão.
Podemos evitar essa desaceleração e voltar a fazer com que nosso corpo atue em conjunto com nossa mente, diminuindo o processo de individualização, deixando o ego ser conduzido por nossas reais necessidades e limitações.
A integração entre o corpo e a mente é cada vez mais necessária. A simples decisão de sair da tela do computador para sentir o corpo e buscar novos horizontes é fundamental.
De fato, o Papa é Pop e muito íntegro por dar seu peito a um tiro à queima roupa e assumir as dificuldades integradas do corpo e da mente. Para um grande líder, não existe ego; o que existe é o exemplo de tudo o que ele fez e faz por seus liderados.
Meu corpo não é meu corpo, é ilusão de outro ser. Sabe a arte de esconder-se. E é de tal sagaz que a mim de mim ele oculta meu corpo, não meu agente. Meu envelope selado, meu revólver de assustar. Tornou-se meu carcereiro, me sabe mais que me sei.
Carlos Drumond de Andrade